Resenha: Cartas de Amor aos Mortos (Ava Dellaira)

Livro: Cartas de Amor aos Mortos
Título Original: Love Letters to the Dead
Autora: Ava Dellaira
Editora: Seguinte 
Páginas: 344 
Ano: 2014

Demorou, mas finalmente saiu a resenha de Cartas de Amor aos Mortos. O livro é tão lindo e sensível que eu quis postar a resenha em um dia “especial”, e acabei adiantando e adiando, mas finalmente eu trouxe ela pra vocês, a primeira resenha de 2015 aqui no blog!

Cartas de Amor aos Mortos conta a história de Laurel, uma menina tentando fugir dos segredos do seu passado, na descoberta de sua verdadeira identidade depois da morte de sua irmã, no meio de uma família despedaçada e tentando lidar com seu primeiro ano em uma nova escola.

O livro é narrado por meio de cartas, como se fosse um diário, e elas fazem parte de uma tarefa que Laurel recebe de sua professora: Escrever uma carta para alguém que já morreu. Então o caderno dela fica repleto de mensagens para Kurt Cobain, Judy Garland, Elizabeth Bishop, Amelia Earhart, River Phoenix, Janis Joplin, Jim Morrison, Amy Winehouse, Heath Ledger, Allan Lane, E.E. Cummings e John Keats. Apesar de escrever tantas cartas, ela jamais consegue entregá-las à professora, pois as acha muito pessoal. Nas cartas, ela também analisa a história de cada uma dessas personalidades pra quem ela escreve e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes.

“Sabe, acho que, quando você perde alguma coisa próxima, é como perder a si mesmo. É por isso que, no final, até escrever é difícil pra ela. Ela quase não sabe como fazer. Porque quase não sabe mais quem ela é.” – Página 19.

Começamos a acompanhar o dia-a-dia de Laurel na nova escola com as novas amigas: Natalie e Hannah, o relacionamento com a família, onde ela passa uma semana com o pai e outra semana com a tia. Depois da separação dos pais, sua mãe se mudou para a Califórnia por não ter superado a morte de sua irmã mais velha. E até o seu primeiro amor, um misterioso garoto chamado Sky. Conforme a história se desenvolve, a protagonista começa a escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã, o que é um grande mistério no livro, já que Laurel foi a única a presenciar a morte de May, e não consegue contar para ninguém o que realmente aconteceu. Ela não consegue aceitar a morte nem perdoar sua irmã mais velha por ter morrido e a ter deixado, nem a si mesma. Ela enxergava a irmã como um ser perfeito e não entende a sua morte, tanto que, ela continua vivendo sob a sua sombra. Ela não sabe quem é, tenta viver como a imagem perfeita que ela pintou da irmã.

Durante todo livro presenciamos a protagonista ter que lidar com sentimento de culpa, solidão, medo, tristeza... Uma carga de emoções muito forte pra uma menina muito nova que passou por uma situação muito forte. Só que, quando ela começa a escrever a verdade sobre o que se passou com ela e May, é que ela começa a aceitar o que aconteceu. Ela precisa perdoar May e a si mesma se quiser ser feliz. É então que, conforme escreve e passa por todo o luto, ela começa a enxergar a irmã como realmente era, um ser humano com segredos e imperfeições, o que é mais difícil ainda, já que ela vê a perfeição da irmã se quebrar.

“May era o ideal do que eu queria ser. Eu a via como como livre e corajosa, pensava que o mundo pertencia e ela, mas não tenho mais tanta certeza de que era realmente assim.” – Página 210.

O livro é comovente por diversos pontos: A sensibilidade com que ele trata a morte, em como uma personagem tão nova consegue lidar com tantos sentimentos intensos, em como o amor da Laurel pela irmã é tão forte, ela a idolatrava tanto, que a incapacitou de ver May como realmente era, que a fez se calar por coisas que não devia. A verdade por trás da morte de May também é algo que coloca o leitor para pensar, o tipo de peso que a menina carregava, a imagem da perfeição que foi imposta nela a vida inteira, poderia ter sido um dos fatores que contribuíram pra sua morte? A descoberta da verdade sobre o passado de Laurel envolve uma série de fatores que tocam o leitor, tudo o que ela sofreu e passou só pra estar perto da irmã me comoveu demais.

A autora criou um belo drama, e apesar da carga de emoções que o livro traz, ela conseguiu narrar com muita sensibilidade, de forma leve. Ela levanta assuntos polêmicos e nos toca com a evolução da personagem, com o seu crescimento e a superação dos seus problemas. E com certeza é um livro que desperta diversos sentimentos ao mesmo tempo, afinal, pelo menos uma vez na vida já sofremos a perda de alguém, e se não, um dia iremos. O luto, sempre que abordado, é algo do qual sempre tiramos alguma lição, e o livro é repleto de mensagens que tocam o leitor de alguma forma.

Para finalizar a resenha, não posso deixar de mencionar a riqueza de informações sobre as personalidades que aparecem no livro. Uma trilha sonora incrível, histórias e fatos que eu desconhecia sobre eles, e que, quando Laurel os relacionava com o seu dia-a-dia, me fez vez o quão incrível eles eram, e como foi uma pena termos perdido alguns deles tão cedo. 

 “Querido Jim Morrison,
Uma vez você disse: “Um amigo é alguém que dá liberdade total para você ser você mesmo – e especialmente para sentir ou não sentir. Qualquer coisa que você sinta naquele momento está bom pra ele. É o que o amor verdadeiro significa – deixar alguém ser ele mesmo.” Obrigada por dizer isso, porque tenho pensado no assunto. Acho que há muito tempo estou tentando me sentir como acho que devo, em vez de ser quem realmente sou.” – Página 274.

Confira a trilha sonora:


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