Livro: Mentirosos
Autora:
E. Lockhart
Editora:
Seguinte
Páginas:
272
Ano: 2014
Sinopse: Os Sinclair são uma família rica e renomada, que se recusa a admitir que está em decadência e se agarra a todo custo às tradições. Assim, todo ano o patriarca, suas três filhas e seus respectivos filhos passam as férias de verão em sua ilha particular. Cadence - neta primogênita e principal herdeira -, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat são inseparáveis desde pequenos, e juntos formam um grupo chamado Mentirosos.
Durante o verão de seus quinze anos, as férias idílicas de Cadence são interrompidas quando a garota sofre um estranho acidente. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido… até que Cadence finalmente volta à ilha para juntar as lembranças do que realmente aconteceu.
Surpreendente,
emocionante e trágico. São as primeiras palavras que me veem a cabeça para
começar a descrever Mentirosos. Comecei
a leitura com as expectativas lá em cima e no final não me decepcionei. A
escrita de E. Lockhart, repleta de metáforas e de trechos configurados como de
um poema, foi algo completamente novo pra mim e que me conquistou rápido, tornando
a leitura mais irresistível a cada página enquanto acompanhamos a história da
família Sinclair, que é narrada por Cadence, neta primogênita e principal
herdeira da família.
“Bem Vindo
à família
Sinclair. Ninguém é criminoso. Ninguém é viciado. Ninguém é um fracasso. Os
Sinclair são atléticos, altos e lindos. Somos democratas tradicionais e ricos. Nosso
sorriso é largo, temos queixo quadrado e sacamos forte no tênis. [...]
Somos Sinclair. Ninguém é carente. Ninguém erra.”
O trecho
acima define bem quem são os Sinclair, uma família rica que não abre mão das
tradições, e que fazem de tudo para manter a boa aparência. Todos os verões o
patriarca da família, suas três filhas e seus respectivos filhos se reúnem em
sua ilha particular. Pra cada filha há uma casa: Red Gate, Cuddledown e
Windemere, e a principal, Clairmont, onde ficam os avós de Cadence. Por trás de
um universo perfeito e luxuoso há uma família ambiciosa, cheia de mentiras e
intrigas, o oposto da imagem que apresentam. Sinclair’s não choram em público,
não expressam seus verdadeiros sentimentos e não aceitam não como resposta.
Cadence,
seus primos Johnny e Mirren, e o amigo Gat, um menino de descendência indiana
que é sobrinho do namorado da mãe de Johnny, são inseparáveis desde pequenos e formam
um grupo chamado Mentirosos, por aprontarem muito durante o verão. O livro começa a ser narrado com Cadence
falando sobre o verão dos quinze (ela menciona os verões de acordo com sua
idade), quando seu pai foi embora com outra mulher, quando ela descobre o que é
amor só de olhar para Gat, e quando suas preciosas férias foram interrompidas
por um misterioso acidente que todos da família se recusam a dar detalhes e até
mesmo falar.
Depois
de dois anos com sérios problemas de saúde: amnésia, depressão e fortes dores
de cabeça, e longe de seus Mentirosos, já que nenhum deles responde os seus
e-mails, o que não é de se estranhar, pois apesar de serem família, parece que
a única coisa que os ligam são os verões em Beechwood, Cadence volta a ilha no
verão dos dezessete para juntar as lembranças e tentar descobrir o que
realmente aconteceu. Mas a verdade era pior do que ela poderia imagina!
“Meu nome completo é Cadence Sinclair Eastman.
Moro em Burlington, Vermont, com minha mãe e três
cães.
Tenho quase dezoito anos.
Tenho um cartão de biblioteca bem gasto e poucos
mais que isso, embora more em uma casa enorme cheia de objetos caros e inúteis.
Eu era loira, mas agora meu cabelo está preto.
Eu era forte, mas agora sou fraca.
Eu era bonita, mas agora pareço doente.”
Gostaria
de contar pra vocês sobre a grande e genial ironia desse livro, mas quanto
menos vocês souberem, melhor! Escrito de forma inteligentíssima, a autora nos
revela dicas durante todo o livro, mas estamos ocupados demais com os relatos de
Cadence sobre a vida dos Sinclair para prestar atenção nisso. O livro vem sendo
narrado de forma lenta no início, e conhecemos cada membro da família aos
poucos, conforme Cadence vem contando histórias sobre vários verões, e quando
percebemos já nos apegamos aos personagens e nos sentimos junto deles naquela
ilha, já que a ambientação do livro é incrível. Os detalhes nos transportam pra
dentro de Beechwood e conseguimos visualizar com facilidade os lugares, deixando
a história bem mais interessante.
A
autora construiu uma trama cheia de suspense e de críticas. E aos poucos acompanhamos
Cadence preencher os espaços em branco sobre o que lembra do verão dos quinze. O
livro é dividido em cinco partes, e a autora soube conduzir a história de uma
forma que, mesmo eu tendo criado várias hipóteses durante toda a leitura,
somente no final quando a verdade é revelada é que realmente consegui enxergar o
que aconteceu, e comecei a perceber as pistas que ela vinha deixando. É algo
completamente surpreendente, fiquei sem palavras, e em momento algum cheguei
perto da verdade. Me emocionei, me impressionei, e fiquei tocada com a beleza
trágica desse livro. Só lendo para realmente entender, inesquecível!
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